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O tratamento médico que permite plantar sentimentos nas pessoas


O "Controle da mente" em sua forma mais sofisticada - e isso não é necessariamente uma coisa ruim.


Quem nunca desejou entrar na cabeça de outra pessoa? Descobrir o que ela está pensando ou entender os motivos pelos quais ela parece estar sofrendo por algo que não lhe confessa? A ciência também parece padecer dessa mesma curiosidade e, com ela, iniciou o desenvolvimento de técnicas para buscar as respostas escondidas em nossa mente.


Em um processo terapêutico conhecido como neurofeedback, os pesquisadores tornaram possível plantar sentimentos que não existiam anteriormente na mente dos participantes, usá-los para tratar os mais variados transtornos mentais, além de insônia e enxaquecas.


O que é Neurofeedback?


Neurofeedback, também conhecido como biofeedback ou neuroterapia, é um processo que permite às pessoas alterar suas próprias ondas cerebrais. Cientistas da Brown University usaram recentemente o processo para manipular as emoções dos participantes, resultando no desenvolvimento de sentimentos positivos ou negativos em relação a fotografias que não haviam provocado respostas emocionais poucos dias antes.


Embora possa se assemelhar com o controle da mente, o processo depende do reforço para ensinar os participantes a regular seus próprios padrões de ondas cerebrais, em um evento referido como "auto-regulação", no qual as atividades do cérebro são monitoradas em tempo real. É importante ressaltar que os participantes pesquisados ​​geraram esses novos sentimentos inteiramente por conta própria, tornando esta técnica relativamente nova mais parecida com o treinamento do cérebro do que com a lavagem cerebral.


Como funciona o Neurofeedback?


Em um estudo publicado pela revista médica PLOS Biology, os pesquisadores pediram a 24 participantes para ver uma série de rostos fotografados e, em seguida, classificá-los como muito negativos, neutros ou muito positivos. Enquanto os participantes faziam suas avaliações, os pesquisadores mediam seus padrões de atividade neural com exames de ressonância magnética para que eles pudessem "emparelhar" ondas cerebrais específicas com classificações particulares.


O aspecto do estudo do neurofeedback começaria neste ponto, em um experimento de cinco estágios projetado para "plantar emoções" nas cabeças dos participantes da pesquisa. Cada participante iria jogar um jogo que envolvesse a utilização de um scanner cerebral, a análise de fotografias e discos flutuantes.


Com os participantes deitados dentro do scanner cerebral, os pesquisadores mostravam uma foto neutra mais uma vez. Um disco flutuante apareceria então, e os pesquisadores pediam que os participantes usassem sua mente para fazer o disco maior. Se pudessem fazê-lo, ganhariam um prêmio em dinheiro.


Evidentemente, nenhum dos participantes sabia como fazer isso, mas sem que eles soubessem, eles não precisavam: O disco realmente lia a atividade cerebral de cada participante e, se algum dos pensamentos do participante se assemelhasse à classificação associada a sua avaliação muito negativa ou muito positiva das fotografias anteriores, o disco cresceria e o sujeito ganharia dinheiro. Os pesquisadores repetiam esse processo repetidamente.


Em uma fase posterior do experimento, todos os participantes do teste, acrescidos de um novo grupo de controle que não havia participado do jogo do disco, classificou as fotos consideradas neutras novamente. Desta vez, aqueles que receberam o tratamento com o neurofeedback classificaram as mesmas faces neutras como um pouco mais negativas ou positivas do que antes.


Uma mudança na forma como tratamos as doenças mentais?


Em resumo, o neurofeedback revelou aos pesquisadores que existe uma única região do cérebro onde os sentimentos positivos e negativos se formam - e que esses sentimentos podem ser "moldados" através de técnicas de reforço.


Igualmente importante, a pesquisa mostrou que através de programas de neurofeedback, os indivíduos podem, mesmo que sem querer, mudar sua própria atividade cerebral - um resultado que poderia significar grandes mudanças na forma como os médicos identificam e tratam a saúde mental relacionada a doenças como a ansiedade, a depressão e transtorno de estresse pós-traumático


"Nós pensamos que se nossa técnica pudesse mudar a preferência facial, poderíamos mudar muitas outras funções, particularmente aquelas relacionadas a causas de doenças mentais", disse o co-autor Takeo Watanabe em entrevista ao The Huffington Post.


Ao testemunhar e monitorar a atividade cerebral de uma pessoa à medida que vários pensamentos e sentimentos surgem e desaparecem, os pesquisadores esperam usar a técnica para ajudar os pacientes a aprender a manipular seus próprios padrões de atividade cerebral como meio de lidar com o estresse extremo sem depender do uso de medicamentos.

"Se alguém desenvolve uma memória traumática que o faz sofrer, mesmo uma pequena redução do sofrimento seria útil", disse Watanabe em um comunicado de imprensa.

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