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“O caminho nos é apresentado”

*trecho originalmente escrito para o livro “A Transcendência da Carne”, retirado na revisão final.

Podemos sofrer de inimagináveis formas. Somos receptáculos abertos às mais sensíveis implicações. Somos entes propícios a manifestações que nos surgem nas mais difusas esferas astrais, nos mais tétricos recôncavos dimensionais.


Somos portas escancaras para sensações que não são resultados apenas de nossos próprios medos, de nossas próprias alienações.


Estamos vulneráveis a tudo que nos é desconhecido, a tudo que não venha a pertencer a este tempo. Ao que não venha a estar vivo, ao que jamais tenha vivido fisicamente.


As opções tornam-se restritas no instante em que sentimos a presença de uma energia muito mais forte e delineada nos cercando.


Quais seriam, então, as chances de fuga neste estágio de domínio?


Nenhuma. Seria a resposta que o mestre daria a seus seguidores devotos. Não nos são ofertados caminhos para desaparecer do poder que emana do universo.


É-nos ofertada, apenas por nossa mente desesperada, a alternativa de erradicarmos a própria existência. A alternativa de desligarmos eternamente nosso sistema neural. A prática, porém, indicaria uma impossibilidade...


De fato, exclusivamente é nos concedida a chance de sujeição. Resta-nos unicamente, a opção de vestirmo-nos com o manto da humildade e subordinação, e esperar, mas não podemos, em hipótese alguma, fugir do destino.


Contudo, por mais surreal que possa parecer, no limiar das ações punitivas, naquele singular segundo de racionalização, no instante do contato, a barganha torna-se indevida.

O entendimento floresce em todo nosso ser ao contato com a energia... o contato com nossa carne, nossa mente...


Abençoado torna-se aquele que pressente a transição, mais abençoado ainda, aquele que se atreve a interagir...


Desvinculados do terror antigo pela fluência de sensações, nos separamos de nosso sentido coletivo, descobrindo quem realmente somos — uma unidade independente dos ideais terrenos. No momento em que compreendemos a extensão do poder que chega até nós, com seus encantos e insinuações, somos agraciados com a possibilidade de desatarmo-nos do sentido retrógrado da ambição humana, do pânico primitivo, para ressurgirmos na criação de um novo caminho, um caminho que poderá desencadear eventos surpreendentes.


Abracemos então o novo, eliminemos as correntes que nos prendem a um passado de invisibilidade e nos tornemos importantes elos na construção de um grande projeto a surgir. Um elemento vital na confecção das engrenagens do funcionamento. Relevantes na manutenção dos atos vindouros.


Através do sofrimento imediato, da agonia inicial, o hoje abre suas asas para o amanhã. A eternidade desvencilhada das graças de deuses estereotipados, desvencilhada dos pré-julgamentos e arbitrariedades conceituadas nas insanidades do bem e do mal.

Vislumbre além das divindades primordiais, obtusas e obsoletas. Vislumbre além dos seres inócuos com seus ideais religiosos.


Da angústia, a pureza se revelará através da realidade. Uma realidade atingível, uma realidade palpável. Um novo sentimento insurrecto recairá sobre sua vontade. Uma nova perspectiva desnudada das trevas da ignorância, uma perspectiva forjada nos planos transcendentais à nossa ínfima sabedoria.


Do pleno entendimento... As graças eternas... Da passividade superada... a instrumentos mortais para aqueles que observam. Para aqueles que não dormem. Os verdadeiros administradores de nossas intenções...


...administradores de nossos sonhos.


Sonhos... manifestações que simplesmente refletem situações do cotidiano, ou mensagens que expressam uma premissa de algo vindouro?

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